
A Idolatria às Igrejas: Quando o Foco Sai de Deus
13 de outubro de 2024A discussão sobre o uso e acúmulo de bens materiais, especialmente no contexto da Igreja, sempre gera reflexões profundas. Afinal, como cristãos, somos chamados a viver uma vida coerente com os ensinamentos de Jesus, o que inclui nossa relação com o dinheiro e os bens materiais. Mas onde traçamos o limite entre o necessário e o excessivo? E o que a Bíblia realmente nos ensina sobre isso?
Bens Materiais: Pecado ou Ferramenta?
Primeiramente, é importante entender que a Bíblia não condena os bens materiais em si. O problema não está em possuir algo, mas no apego, no acúmulo desnecessário e na negligência ao próximo. Jesus nos alerta sobre isso em Mateus 6:19-21: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu.”
Bens materiais são ferramentas, e sua moralidade está no uso que fazemos deles. Se servem para suprir nossas necessidades e para ajudar o próximo, cumprem uma função justa. O problema surge quando passam a ser acumulados sem uma finalidade clara, especialmente em um contexto de pobreza e desigualdade extrema.
O Exemplo de Jesus e dos Apóstolos
Jesus e seus apóstolos nos deixam um modelo claro de simplicidade e generosidade. Em Mateus 19:21, Jesus diz ao jovem rico: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me.” Essa não é uma condenação aos bens em si, mas ao apego a eles.
Os apóstolos também possuíam bens necessários para sua missão. Pedro tinha uma casa (Mateus 8:14), e Paulo fabricava tendas (Atos 18:3), utilizando ferramentas e materiais para trabalhar. Esses exemplos mostram que possuir bens proporcionais à necessidade não é contraditório aos ensinamentos de Cristo.
A Igreja e o Ouro: Um Contraste Necessário

A discussão sobre os bens acumulados pela Igreja é pertinente, especialmente quando consideramos o contraste com a realidade de milhões de pessoas que vivem na miséria. Muitos justificam essas riquezas citando exemplos do Antigo Testamento, como as riquezas de Davi e Salomão. Contudo, o contexto de Jesus no Novo Testamento redefine nossa relação com o material, focando na simplicidade e no desprendimento.
A Igreja pode e deve ter bens que cumpram uma função espiritual e cultural, mas o excesso é questionável. Por que manter artefatos de ouro e riquezas acumuladas quando poderiam ser substituídos por equivalentes mais simples e o excedente destinado à caridade? Isso não comprometeria a missão da Igreja e estaria mais alinhado aos valores de Jesus.
O Melhor Para Deus: Uma Questão de Intenção
Muitos argumentam que devemos dar “o melhor para Deus”, citando o exemplo de Maria Madalena, que ungiu Jesus com um perfume caro (Mateus 26:6-13). Contudo, esse gesto foi um ato único, um símbolo de amor e preparação para a morte de Cristo. Jesus nunca pediu luxo; pelo contrário, ele exaltou a viúva que deu duas moedas (“doou tudo o que tinha”) em Marcos 12:41-44. Isso mostra que a verdadeira adoração não está no valor material, mas na intencionalidade e no amor ao próximo.
Reflexão Final: O Que Podemos Fazer Hoje?
Como cristãos, devemos nos perguntar: estamos realmente alinhados aos valores de Jesus? Ter bens não é o problema, mas o excesso é. Assim como optei por comprar uma corrente simples de latão em vez de uma de ouro, usando a diferença para ajudar o próximo, a Igreja também poderia reconsiderar suas escolhas, substituindo bens excessivamente luxuosos por alternativas mais simples e redirecionando o excedente para caridade.
Essa postura não apenas reflete os ensinamentos de Cristo, mas também fortalece o testemunho da Igreja como um instrumento de justiça e amor. Que possamos, como indivíduos e como corpo de Cristo, buscar uma vida que glorifique a Deus não apenas com palavras, mas também com a prática da generosidade. 🙏